SAUDADE

Só agora ela notou o que lhe aconteceu! Onde foi sua beleza?E a felicidade onde foi? Tinha o rosto encovado a pele seca enrugada, um peso estranho nos ombros. A única distração era conversar em pensamento com o marido morto. Contava lhe tudo do que acontecia, quanto tempo tinha de morto, as festas marcantes, e anunciava querer morrer da falta que sentia dele, e pedia sempre que logo que pudesse poderia voltar e acrescentava: Será inédito ! Será o 1° a fazer isso... 

(Giane)

ARIANAS

 Mulheres rápidas, mas constantes. Para sempre mulheres decididas que vão de cabeça em seus propósitos que nada pedem que intuem o que fazer para alcançar seus objetivos.Nelas tudo é rapidamente resolvido.Quando todos se desesperam  ela tem uma solução.Claro que ninguém acredita e acha fora de propósito.Áries, o signo do ‘querer’em todos os sentidos!

(Giane)

BOLEROS

 No encanto dos boleros muito romance começava. Dança sensual! A mais sensual de todas. De rostos colados corpos em fusão total de lindíssimos sentimentos, palavras doces sussurradas ao ouvido. Era o som perfeito para o final da noite no programa especial de Boleros que era mostrado no radio quando toda a vizinhança ouvia e pairava no ar inundando a noite.

(Giane)

NO PALCO

Era hilário tudo em tom de brincadeiras as apresentações de paródias e imitações travestidos de artistas famosos (a dos balangandãs era a mais usada) com seus requebros e trejeitos arrancavam aplausos e assovios da platéia. Tinha também os palhaços famosos e os sambistas com suas poesias dolentes apaixonadas contrastando com o ritmo alegre.

(Giane)

A BIBLIOTECA

 Ali era seu oásis! O silencio, a calma do lugar e as ofertas de todos os livros de que precisava. Ficava ali donde só saía na hora do rush ainda trazendo livros amigos pra casa. Lá é que expandiu seus conhecimentos-crenças e descrenças. Tomou novos rumos, Ficou mais valente criou mais recursos pra si. E viu respostas para muitas indagações.

(Giane)

SEGUINDO UM ANUNCIO

Seguindo um anuncio foi parar na sala de atrações do grandioso Museu de Belas Artes onde pôde Assistir as apresentações de vários artistas clássicos uns, cantando outros dedilhando seus instrumentos musicais. Aqueles sons maviosos elevavam a sua alma, que até ali nunca sonhara com beleza dessa natureza num lugar muito lindo e elegante! Saía dali com orgulho de ter visto um paraíso que poucos viram naquele intervalo de almoço.(Giane)

RAÍZES

Onde tem suas raízes hoje é uma loja comercial famosa num enorme prédio onde era um sobrado de três pisos com escadas largas onde fora criada até os cinco anos. Atravessar a cidade agora era uma aventura! Empolgada com os arranha-céus abismada olhava toda aquela bela engenharia Mas a Praça do Parque onde brincara um dia era a mesma e também era a mesma avenida onde assistira todos os carnavais e desfiles militares ao lado dos pais naquela bela infância.

(Giane)

ONDA AMIGA

Depois passou a fazer da praia o seu passeio preferido, e gostava de ver as marcas do sol no seu corpo agora desenhado com a forma do biquíni, inda incrementava dourando os pêlos e trançava os cabelos na moda trigueira, moleca.

E era lá no mar que deixava suas duvidas porque sempre lhe parecia que as ondas solícitas vinham lhe perguntar o que lhe acontecia quando sentia sua falta.

(Giane)

AVENTURA

Depois de longos anos ela despertou.

Depois de todos os dias observara estrada que podia ser vista pela janela da cozinha no sitio em que passara grande parte de seus longos dias.

Os movimentos da casa só eram ativos de noite quando todos regressavam de seus trabalhos.

Aquela estrada era convidativa, e numa aventura ela arriscou ir e voltar a um outro bairro sem ninguém o saber.

Foi o seu 1° passeio longe de casa.

Adquiriu uma gargantilha com apalavra ‘Amor’ para ser o relicário daquela feliz aventura!

(Giane)

A PRAIA

Claro que já conhecia a praia aonde ia sempre com a família ou amigas.

Mas chegar lá sozinha era muito especial!

Tudo ali era seu, lhe pertencia na emoção do pensamento de liberdade.

As ondas vinham até seus pés reverenciando a sua presença, as gaivotas revoavam sobre o mar parecendo lhe contar as novidades sob as águas.

Deitada na areia ela reparava então, quão grande é o céu! Quase podia medir em pensamento a abobada do céu e pensava ver figuras formadas nas nuvens.

Sua felicidade era imensa!

(Giane)

A VÓ

A VÓ

Vô de mais de 70 netos mãe de exatos 12 filhos. Bondosa que só... Sorriso forçado bem se via que rolava preocupação em sua cabeça. Gostava de dar ‘conselhos’ e ao criticar dizia:- Num tem cabimento. De cabelos longos era a imagem de uma santa de tão linda!Crochetava sem cessar. Vivia disso.

Em sua casa pequena, mas toda enfeitada de cortininhas e pequeninas latas de plantas, na verdade eram latas de extrato de tomates recicladas davam sensação de aconchego.

A CASA DO VÔ MINEIRO

 A CASA DO VÔ MINEIRO

Era singela com três cômodos e um quintal enorme.

No fogão de lenha sempre estava um bule de café e uma corda para defumar toicinhos e carnes salgadas.

Era uma farra estourar pipocas ali naquele fogão. O vô ficava sempre sentado na entrada da cozinha

Pitando ou tocando toadas e calangos numa pequena sanfona.

Assim parecendo um guinomo, tinha um pote com barrinhas de ouro natural que achava no quintal ao cavar a terra para plantar horta.

Gostava de estar ali naquele paraíso!!!

(Giane)

CINEMA

O cineminha do bairro era um improviso com restos de filmes fora de serie do cinemão.

A tela comum no quintal pequeno parecia imensa!!!

Os ingressos com preços simbolicos, e tambem tinha os ‘penetras’ que nada pagavam nos quintais vizinhos separados por cercas de arames.

Dali viam tudo ao contrario na transparencia da tela, mas num podiam ler as legendas.

Só ficava bem entendido o MIF -  FIM.

(Giane)

Smile, Charlie Chaplin , Modern Times, 1936

INICIO DA MODERNIDADE

No conjunto de casas populares todos eram atraidos para o portão de uma só casa ater TV naqueles anos 50.

O pessoal da casa muito gentilmente colocava o aparelho bem de frente para a rua.

As atrações eram poucas, mas todos se empolgavam ao ver aqueles desenhos animados e a garota dos intervalos comerciais !!!!

MÃE

Seus filhos eram tudo em sua vida. Chegava a andar com eles enganchados em sua cintura só para estar mais perto.

Achava se adulta,  mas virava criança para brincar com eles.

Cada qual com um dom, na pintura, na escrita ou nas brincadeiras molecas de soltar pipas ou jogar futebol. 

(Giane)             

INDIA

Era senhora de maia idade com uma penca de filhos, tinha o rosto trancado os lábios cerrados o queixo apertado, e hábitos indígenas, por exemplo: Para ensaboar roupas tinha que pitar um cachimbo.  Conhecia todas as plantas e para que serviam. Tinha as que eram para chás, outras de unguentos outras para temperos.

Seu jardim era o mais bonito todo em Flocos coloridos com canteiros em feitio de de lua e estrelas com avenidinhas entre eles.

De grande sabedoria mesmo com pouca cultura.

Grande paciencia tambem, ficava em silencio indagando o horizonte com os olhos.

No quê pensava?

(Giane)

TETRICO

Morrer significava encerrar a carreira feito um artista no palco quando uma cortina é cerrada e as luzes apagadas. Havia toda uma cerimonia nos velorios que eram sempre nas casas com adereços roxo-amarelo ou preto-amarelo para adulto rosa para moças, brancas para criancinhas, no caixão e na mesa com castiçais compridos de velas mantidas sempre acesas.

As criancinhas ficavam sempre ao redos assistindo, porque era bom.Ter anjinhos por perto quanto melhor.

Para ir ao cemiterio era em coche todo enfeitado com penachos e cortininhas ou coche aberto muito bonito, seguido de uma fila sem fim, de carros automoveis. Numa era bom contar quantos.

(Giane)

O SOBRENATURAL

Em outros tempos o medo era dos fantasmas e monstros do outro Mundo nas noites escuras e caminhos ermos do bairro pouco habitado.

Fazia tremer de medo!

E só ao ver um ser humano é que voltava o sossego, e o sentimento de estar entre amigos e seguros  trazia confiança e paz.

Hoje é o inverso:

Bom é tremer ao ver um ser humano que poderá assaltar agredir e causar males sem fim mesmo na luz do dia.

Ah!!!! Que saudade dos fantasmas e monstros imaginários!!!!!

(Giane)

EVOLUÇÃO

Naquela epoca tinha uma candura, uma docura no ar, uma elegancia e dignidade exemplar.

Tudo certo nos lugares e na moda, combinando bolsa com sapato, brincos com colar, branco com branco, pobre com pobre... Tudo funcionava nos horarios. Tudo no padrão. Tudo previsivel.

De repente, tudo virou, e vieram os desafios do 'vai encarar?' Do errado tambem é certo, dos 'direitos desumanos'

E o mundo virou uma ‘salada’ do salve se quem puder com a expressão anormal dos individuos.

(Giane)

O PAR CONSTANTE

Eram companheiros em tudo, no cinema onde ele chamava a atenção dela descrevendo os detalhes das maquiagens e roupas das musas...Nos segredinhos particulares...Tinham sempre os mesmos gostos.

Nos bailes onde dançavam sempre juntos em perfeita sincronia os passos do Rock’n Roll e do ChaCha Cha...

Nunca pensaram em casar ou sequer namorar, mas era verdadeiramente uma amizade emocionada, uma perfeita simbiose de sentimentos que levava a lugar nenhum.

(Giane)

AUTOCONTROLE

A senhora já com quase meio seculo vivido, começou a matutar em coisas novas diferentes do marasmo do cotidiano.

Nunca tinha feito nada fora do comum, e foi moça comportada. Mas nesse indague sobre o que fazer, naturalmente  começou ‘pulando amarelinha’ com as crianças, daí passou a‘pular corda’

‘jogar peteca’ ‘bolas de gude’... Nada disso caiu no seu gosto, até encontrar os movimentos do Yoga nos livros da Biblioteca.

Eureka!!!!!

(Giane)

Nas horas dificeis aquietar a mente respirando fundo, pensar no nada. Ver pra dentro de si mesmo.

Sim.

Tudo volta aos seus lugares, e a solução aparece clara, nítida.

A nossa mente é assim, uma exposição de ofertas, quanto mais tensos mais soluções aparecem.

(Giane)

ERA UMA VEZ...

Num tinha pretensão alguma na vida a num ser, criar seus filhos e cuidar de seu homem, que foi amado com dedicação.

Viram-se pela primeira vez no meio fio da rua que ela estava para atravessar. Trocaram olhares, e foram apresentados por um amigo.

Desde ali ela soube qual seria o seu par.

Mas demorou para ele se decidir.

Um rapaz bonito, de jaqueta de couro, ombros sacudidos num se dignava  a olhar a mocinha singela que o acompanhava com o olhar ao vê lo por perto.

(Giane)

OUTONO

Bom para semear, mexer com a terra que vai estar macia.

O sol de ladinho, as sombras compridas, num queima, mas ilumina o asfalto lembrando brilhantes ou estrelas no céu escuro.

A paisagem nítida até o infinito de cores reais mais azuis, mais verdes... E nuvens brancas embelezando o céu, ou cor de rosas no anoitecer.

(Giane)

FOI ASSIM

Tudo começa para suprir uma necessidade.

Tudo no começo é muito rudimentar e vai se aperfeiçoando com o tempo.

O primeiro Ferro de Passar era de carvão em brasas.

A primeira Geladeira apenas conservava, com barra de gêlo que era colocado em um compartimento, todos os dias.

A primeira TV era de valvulas, e os radios tambem.

A primeira Maquina de Costura era de manivela, assim era tambem o Gramofone, o Telefone, a Maquina de Moer...

O Fogão era de lenha, as panelas de barro.

No vestuário, eram os finos tecidos de Algodão, linho, Cambraia que se usava.

Tudo era assim no recente seculo passado.

(Giane)

A ESPERA

Agora ela se pergunta. Como conseguia viver sem a tecnologia de hoje? Lá num existia ventilador, geladeira, nem sequer um telefone entre outras coisas.

Mas o futuro estava batendo na porta... Tudo seria depois do ano dois mil.

Ninguem se comunicava.

Era de noite que se passava de um pro outro, as novidades do dia por quem vinha da Cidade ou outros bairros.

Noticias urgentes só no radio. E foi no radio tambem que começaram a surgir os grandes idolos da musica, do futebol, da comedia e dos teatros.

Fica outra pergunta então para o futuro.  Do que a gente num tem falta hoje e que no futuro será imprescindivel?

(Giane)

ESCOLAR

Na escola só num gostava da matematica e nessa aula ficava desenhando guirlandas de flores colorindo as margens do caderno.

Mas nas aulas de ciencias e astronomia se encantava com as explicações das posições dos astros no Universo.

De noite olhava as estrelas tentando identificar cada uma. Elas num se movem, estão lá no mesmo lugar até agora.  Tres Marias – Estrela Dalva – Cruzeiro do Sul.

Algumas piscam, outras são paradonas!

(Giane)

Dream a little dream of me-the mamas and the papas

CONFIANÇA

No ar a belissima canção “Dream a Little Dream of Me”

Haveria de ser primavera de tempo bom. Sol claro e perfume de flores.

Tetéia de vestido rodado cor de rosa – gostava dessa cor – cabelos amarrados ‘ rabo de cavalo’ os pés descalsos.

A cabeça sonhadora nas estrelas... E o olhar confiante no horizonte buscando o futuro que seria brilhante.

(Giane)